quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Os Maçons "Aceitos"

Debilitando-se depois, no século XVII, com o renascimento clássico e a corrupção da Igreja (que ocasionou a reforma e as novas teorias filosóficas), o fervor religioso dos séculos passados, a arte sagrada teve necessariamente que decair, e com ela as corporações de maçons operativos que desta atividade extraiam sua razão de ser sua subsistência. Mas aqui e ali, e especialmente na Inglaterra, algumas delas subsistiram, se bem que de forma muito reduzida, passando natural e gradualmente da atividade construtiva que ocasionou sua formação, até se ocupar exclusivamente dos assuntos que antes eram para eles de secundária importância, como por exemplo, o estudo e a beneficência. Sem dúvida contribuiu notavelmente para esta nova orientação de atividade das lojas a admissão que foi feita desde então, sempre mais liberal e numerosa (conforme ia decrescendo seu valor como associações profissionais) de maçons aceitos (accepted freemasons), isto é, membros honorários que nunca tinham exercido uma profissão relacionada com a arte de construir.
Os novos associados, muitas vezes homens de estudo e filósofos eminentes, influíram largamente nestes agrupamentos de antigos construtores, os quais chegaram facilmente a dirigir. Foi assim que as lojas maçônicas profissionais transformaram-se naturalmente em lojas de maçonaria especulativa, nascendo dessa maneira a Maçonaria como atualmente conhecemos. E assim também, muitas doutrinas e tradições iniciáticas e místicas, de diferente origem ou descendência, passaram a incorporar-se à nascente, ou melhor, dizendo, renascente instituição. As tradições templárias e rosa-cruzes, em especial, tiveram parte importante nesta transformação. Enquanto as lojas Maçônicas encontravam naquelas doutrinas, a alma que lhes infundia uma vida nova, estas encontraram naquelas o corpo, o veículo ou o meio exterior mais conveniente à sua expressão, o que de outra forma poderia ocorrer de modo estéril e deficiente.
Com o século XVII termina assim o estudo das origens maçônicas; desde o XVIII começa a sua história como instituição moderna preparando-se o futuro.


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