sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Alquimia e Hermetismo

Como do Oriente asiático tem chegado as doutrinas cabalísticas, do Egito e da tradição hermética (de Hermes Trismegisto ou Thoth, o fundador, tradicional dos mistérios egípcios) faz-se originar a Alquimia (palavra árabe que parece significar "a Substância"), daqueles que se autodenominavam verdadeiros filósofos.
O significado comum e familiar do adjetivo hermético pode nos dar uma idéia do sigilo por meio do qual os alquimistas costumavam ocultar a verdadeira natureza de suas misteriosas pesquisas. Não devemos, portanto estranhar se a maioria das pessoas segue acreditando, ainda hoje, que os principais objetivos dos alquimistas foram os de enriquecer-se por meio da pedra filosofal, que deveria converter o chumbo em ouro puro, e alongar notavelmente a duração de sua existência, livrando-se, ao mesmo tempo, das enfermidades por intermédio de um elixir e de uma milagrosa panacéia.
Nessa mística lápis philosophorum, entretanto, nós os maçons não podemos deixar de reconhecer uma particular encarnação, um estado de pureza, refinamento e perfeição da mesma pedra em cujo trabalho principalmente consiste nosso labor. Quando refletimos sobre o segredo simbólico, no qual, à nossa semelhança, envolviam seus trabalhos para ocultá-los aos profanos da Arte, não podemos ter a menor dúvida de que, além dessas finalidades materiais, que justificavam para os curiosos suas ocupações, os reais esforços de todos os verdadeiros alquimistas foram dirigidos para objetivos essencialmente espirituais.
A pedra filosofal não pode ser, pois, nada senão o conhecimento da Verdade, que sempre exerce uma influência transmutadora e enobrecedora sobre a mente que a contempla e se reforma à sua imagem e semelhança. Unicamente por meio desse conhecimento, que é realização espiritual, podem converter-se as imperfeições, as paixões e as qualidades mais baixas e vis dos homens naquela perfeição ideal da qual o ouro é símbolo mais adequado.
Com esta chave é relativamente fácil para nós entendermos a misteriosa linguagem que os alquimistas utilizam em suas obras, e como a própria personalidade do homem é o athanor, mantido ao calor constante de um ardor duradouro, onde devem desenvolver-se todas as operações. O parentesco entre o simbolismo alquímico e o maçônico aparece com bastante clareza no desenho que reproduzimos na página 23, extraído de uma ilustração da obra de Basílio Valentin sobre o modo de fazer o ouro oculto dos filósofos, igualmente adotado por outros autores.
A Grande Obra dos alquimistas, e aquela que procuramos em nossos simbólicos trabalhos, apresentam, efetivamente, uma idêntica finalidade comum a todas as escolas iniciáticas, seja no significado místico da realização individual, como numa iluminada e bem dirigida ação social, que tem por objetivo o aprimoramento do meio e a elevação, o bem e o progresso efetivo da humanidade.



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