segunda-feira, 21 de março de 2011

Grau 2: Companheiro Maçom

É o Grau intermediário do Simbolismo. Este Grau insiste no aprendizado através da simbologia, dando ênfase aos sentimentos de Solidariedade e Igualdade, para que se atinja a Fraternidade.
O Companheiro Maçom já deve pôr em prática os conhecimentos e conceitos adquiridos como Aprendiz. Este Grau é um Grau científico e é dedicado ao intelecto.
Atinge-se o Grau de Companheiro Maçom através de uma Iniciação, cujo nome especial é Elevação.
Durante a Cerimônia de Elevação o Recipiendário executa cinco viagens e faz um Juramento. As quatro primeiras viagens são executadas de posse de Instrumentos de Trabalho do Aprendiz e do Companheiro Maçom.
Na prática, as Lojas dão pouca ou nenhuma importância ao Grau de Companheiro Maçom, transformando-o num mero interstício entre os Graus de Aprendiz e Mestre Maçom, o que é uma pena.


1 - Mistérios do Grau de Companheiro Maçom


PALAVRAS

- SAGRADA - J. (estabilidade, firmeza)

- PASSE - SCH. (abundância, fartura)

SINAL - ORDEM - PP. em esquadria, unidos pelos calc., p . d . apontado para o eixo de marcha. Colocar a m. dir. em gar. sobre o cor., como se quisesse arrancá-lo.
Erguer o br. esq. em esq.,com a m. voltada para cima, formando também esquadria entre o d. pol. e os demais.

SAUDAÇÃO - Ou Sinal Cordial, executa-se partindo da posição de Ordem, levando a mão direita na horizontal e deixando em seguida cair ambas as mãos em perpendicular, naturalmente.

TOQUE - Dando as mãos da mesma forma que no Grau de Aprendiz Maçom, dar tr. t. sobre o ind. e d. no d. m.

MARCHA - Ficar à Ordem como Aprendiz Maçom e executar os três passos do Grau de Aprendiz Maçom. Ao término, desfazer o Sinal de Aprendiz Maçom executando em seguida o Sinal de Companheiro Maçom. Dar um passo, com o p. d. para o 1. d ., obliquamente, e juntar o p . esq .. Com o p . esq. dar mais um passo obliquamente para a esquerda e juntar o p. dir., voltando assim ao eixo de marcha. A Marcha do Aprendiz Maçom é uma reta; a do Companheiro Maçom comporta um passo lateral; é, portanto, superficial.

BATERIA -Tr. g. espaçados, mais dois (!!!!).

IDADE - - o -

TEMPO DE TRABALHO - Do meio-dia à meia-noite.

2 - Decoração do Templo

O Templo para o Grau de Companheiro Maçom é igual ao de Aprendiz. Como diferenças, anotam-se a iluminação por cinco velas — duas no Oriente e uma em cada Vigilante, e os instrumentos de trabalho aos pés da mesa do 2º Vigilante.
3 - Insígnia do Companheiro Maçom

Igual à do Aprendiz. A única diferença é o Avental com a abeta abaixada.



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Grau 1: Aprendiz Maçom

O Grau de Aprendiz Maçom é o primeiro Grau da escalada hierárquica de todos os Ritos Maçônicos e o 1º Grau do Simbolismo. É através da Iniciação na Maçonaria que o indivíduo passa da condição de profano o Iniciado no Grau de Aprendiz Maçom ou comumente Maçom, apesar de que Maçom, no sentido stricto sensu, é todo aquele que foi Iniciado, Elevado e Exaltado ao sublime Grau de Mestre Maçom.
A Iniciação do Grau de Aprendiz Maçom ou a Iniciação na Maçonaria é uma Cerimônia esotérica e iniciática, ministrada através do desenrolar de um psicodrama no qual o profano é o protagonista.
Antes da Iniciação são tomadas todas as formalidades administrativas, quais sejam: a indicação, a sindicância e o escrutínio secreto, todos com as formalidades previstas na legislação e na tradição maçônica.
No Rito Escocês Antigo e Aceito a Iniciação dá-se em duas Câmaras distintas.
A primeira é a Câmara das Reflexões, na qual o candidato faz suas últimas disposições, preenche formulários, responde a alguns quesitos e principalmente medita por derradeiro e mais profundamente a respeito do ato que vai realizar.
A segunda é o Templo, no qual se reúne a Loja de Aprendiz Maçom. Representa o Universo. Tem o piso quadriculado e o teto abobadado e cravejado de estrelas. Divide-se em três terços. O primeiro é o Oriente, os dois outros, o Ocidente. Na divisão entre Oriente e Ocidente há uma cerca chamada Grade do Oriente. Junto à Porta existem duas Colunas ocas de bronze de estilo egípcio, onde se inscrevem as letras B e J.
A Loja de Aprendiz Maçom é iluminada por três lâmpadas: uma no Oriente sobre a mesa do Venerável Mestre e uma em cada uma das mesas dos Vigilantes. De acordo com o Rito praticado pela Loja, pode ser decorada na cor vermelha ou azul. Originalmente, no Rito Escocês Antigo e Aceito, era vermelha, e no Rito Moderno, azul.
Não é intenção de esta obra enveredar pelo caminho do estudo do Templo; nosso objetivo é antes dar uma idéia de cada Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito, naquilo que ele tem de mais genérico. Lembramos que, para estudos detalhados e especializados, existem outras obras.
O Grau de Aprendiz Maçom entreabre ao recém Iniciado os mistérios a serem oferecidos pela Maçonaria no decorrer da sua hierarquia. Ensina, através da simbologia, da Filosofia, das alegorias, a moral e a universalidade da Ordem. De acordo com J. M. Ragon, "indica a passagem da barbárie para a civilização: é a primeira parte histórica da Iniciação; ele leva o Neófito à admiração e ao reconhecimento para com o Grande Arquiteto do Universo, ao estudo de si mesmo e de seus deveres para com seus semelhantes; dá a conhecer os princípios fundamentais da Maçonaria, suas leis, seus costumes, e dispõe o Neófito à filantropia, à virtude e ao estudo".

1 - A Iniciação ao Grau de Aprendiz Maçom

O psicodrama da Iniciação dá-se através de uma passagem na Câmara das Reflexões, seguida por três viagens, dois Juramentos e duas Purificações. A passagem pela Câmara das Reflexões e mais as três viagens lembram os sete elementos alquímicos, quais sejam: a terra, o ar, a água, o fogo, o mercúrio, o sal e o enxofre. As purificações são uma ablução e uma purificação pelo fogo. Os Juramentos são realizados um com a Taça Sagrada, que é o Símbolo da vida humana, e outro sobre o Livro da Lei.
Toda Sessão de Iniciação é uma Sessão Magna e a Loja deve se apresentar impecavelmente preenchida e os Irmãos, perfeitamente enquadrados e conscientes de suas obrigações litúrgicas. Nenhum detalhe pode ser esquecido, relegado ao segundo plano ou improvisado. A Ritualística da Iniciação é explicada e é delineada em todos os detalhes e passos, dentro dos Rituais do Grau de Aprendiz de todos os Ritos. Portanto, não nos cabe aqui analisar os aspectos do Ritual, mas sim os aspectos gerais do Grau.

2 - Mistérios do Grau de Aprendiz Maçom

PALAVRAS

-SAGRADA -B. (força)

- PASSE - O Aprendiz não tem Palavra de Passe

SINAL - Sinal ou Sinal de Ordem - De pé, pp. unidos pelos calcanhares e afastados em 90 Graus pelas pontas, braço esquerda caído naturalmente ao longo do corpo mão direita aberta sobre a g. com os quatro dedos unidos e o polegar afastado em forma de esquadria. O pé direito está apontado para o eixo de marcha. Nesta posição o corpo está ligeiramente voltado para a direita e o Aprendiz Maçom está à Ordem. Também é conhecido por Grande Sinal.

SAUDAÇÃO - Estando à Ordem, como no item anterior, levar a mão direita à extremidade do ombro direito e deixá-la cair naturalmente na perpendicular, sem afetação. A Saudação é também conhecida por Sinal Gutural e é um ato dinâmico com tempos e duração definidos.



DOIS TEMPOS E DOIS MOVIMENTOS.

TOQUE - Tomam-se reciprocamente as mãos direitas e aplicam-se sobre a f . próx. do ind. do interlocutor com o p. t. p. imperceptíveis a outrem.

BATERIA -Por t. panc. espaçadas (! ! !).

MARCHA - Colocar-se à Ordem. Levar à frente o p. d. para em seguida juntar-lhe novamente o p. esq. Repetir este movimento por três vezes, dando, conseqüentemente, três passos.

TEMPO DE TRABALHO - Do meio-dia à meia-noite.

3 - Insígnia do Aprendiz Maçom
A insígnia do Aprendiz Maçom é um Avental totalmente branco, composto de duas partes que são: a Abeta e o Corpo. A Abeta é usada, no Grau de Aprendiz Maçom, sempre levantada.
A indumentária é preta, podendo, por comodidade, ser usado o Balandrau, que, todavia deve ser talar, isto é, ir até os tornozelos.
As Luzes e os Oficiais usam Avental de Mestre Maçom e no pescoço uma fita contendo a Jóia do cargo respectivo. O Venerável Mestre usa um chapéu desabado de feltro negro. As Luzes usam, ainda, punhos que contêm bordadas as insígnias dos seus cargos.


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O Simbolismo

Compreende o Simbolismo os três primeiros Graus da escalada hierárquica de todos os Ritos Maçônicos, quais sejam: Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom.
Os Graus Simbólicos precedem os Graus Filosóficos ou os Altos Graus e são administrados pelas Potências ou Obediências Simbólicas, tanto Grandes Orientes quanto Grandes Lojas.
No Simbolismo não há concessão de Graus por comunicação. Todos os três Graus Simbólicos são transmitidos por Iniciação, a saber:
Grau de Aprendiz Maçom — Iniciação, Grau de Companheiro Maçom — Elevação e Grau de Mestre Maçom — Exaltação.
O Simbolismo é uma das fortes características da Maçonaria.
A Maçonaria sempre buscou mostrar e ensinar as suas verdades através de Símbolos que são representações gráficas de idéias ou de verdades que se queiram veladas ao leigo.
No Simbolismo a Maçonaria nos ensina a sua filosofia e nos mostra a sua moral de vida, utilizando os Símbolos de arte de construir. Assim, aparece a Régua, o Esquadro, o Compasso, a Alavanca, o Nível, o Prumo, a Trolha, o Cordel, o Lápis, a Prancha de Traçado, etc.
Nos três Graus Simbólicos, buscam o Aprendiz, o Companheiro e o Mestre Maçom construir um Templo, uma réplica do primeiro Templo de Jerusalém, que passou à História como Templo de Salomão, sinônimo de Perfeição. É a forma alegórica que tem a Maçonaria de nos dizer que o Templo a que devemos edificar é o nosso Templo Interior. E a nossa moral, o nosso caráter e a nossa personalidade. E a prática do poder da virtude e da vontade. Nós somos a Pedra Bruta que compete ao Aprendiz desbastar, ao Companheiro ajustar e ao Mestre Maçom aplicar à obra.



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sexta-feira, 11 de março de 2011

Rito Brasileiro

Este Rito, também conhecido pelo nome de Rito Brasileiro de Maçons Antigos, Livres e Aceitos, acredita-se que tenha surgido em 1878, no Recife, Pernambuco, não tendo conseguido se desenvolver até o ano de 1914, quando então o Grande Oriente do Brasil procurou estimular a sua propagação e desenvolvimento. Durante este período passou por diversas transformações, tendo tido diversas constituições até que se constituiu o Supremo Conclave. Entre estas transformações que o Rito sofreu houve a adoção de 30 Graus, além dos três simbólicos, ao invés dos cinco originais.
O Rito Brasileiro adicionou à filosofia do Rito Escocês tons verde e amarelo de brasilidade, apregoando muito o sentido de Patriotismo.
Este Rito é muito semelhante ao Rito Escocês Antigo e Aceito, chegando-se a dizer que deste copiou até as enxertias vindas doutros Ritos, especialmente o Adonhiramita.

Possui 33 Graus, que são os seguintes:

Aprendiz
Companheiro
Mestre
Mestre da Discrição
Mestre da Lealdade
Mestre da Franqueza
Mestre da Verdade
Mestre da Coragem
Mestre da Justiça
Mestre da Tolerância
Mestre da Prudência
Mestre da Temperança
Mestre da Probidade
Mestre da Perseverança
Mestre da Liberdade
Mestre da Igualdade
Cavaleiro da Fraternidade
Cavaleiro Rosa-Cruz
Missionário da Agricultura
Missionário da Indústria e do Comércio
Missionário do Trabalho
Missionário da Economia
Missionário da Educação
Missionário da Organização Social
Missionário da Justiça Social
Missionário da Paz
Missionário da Arte
Missionário da Ciência
Missionário da Religião
Missionário da Filosofia
Guardião do Bem Público
Guardião do Civismo
Servidor da Ordem e da Pátria


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O Rito Escocês Antigo e Aceito

É o Rito mais popular entre a população maçônica brasileira. A maioria dos autores é coincidente na afirmação de que este Rito teria surgido na França pela criação do Rito de Perfeição ou Heredom. Os Jacobistas exilados na França muito contribuíram para a formação e a propagação deste Rito.

Este Rito compreende 33 Graus, distribuídos da seguinte forma:


Graus Simbólicos ou Oficinas Simbólicas ou Lojas Azuis - 1 a 3
Graus Inefáveis ou Oficinas de Perfeição - 4 ao 14
Graus Capitulares ou Oficinas Vermelhas - 15 ao 18
Graus Filosóficos ou Oficina de Kadosh - 19 ao 30
Graus Administrativos ou Consistórios - 31 e 32
Supremo Conselho - 33


O Rito Escocês é um Rito especial, inclusive no que diz respeito às suas origens.
Todos os Ritos conhecidos têm a sua história e origem bem definidas. A história e a origem do Rito Escocês dão margem a muitas indagações, a começar pelo fato de que é Escocês e nasceu na França.
O sistema escocês teve origem na França pelos partidários dos Stuarts, que se encontravam lá exilada. O Rei Carlos I, da família dos Stuarts, da Inglaterra e da Escócia, havia sido deposto pelo ditador Oliver Cromwell. Foi a primeira manifestação maçônica ocorrida na França, por volta de 1650. O Sistema Escocês não tinha uma linha obediencial, eis que não se submeteu à Grande Loja da Inglaterra, quando, em 1717, ela foi fundada. Era um sistema livre praticado por Lojas Livres e por Maçons Livres. A partir de segunda metade do século XVIII é que foram criados os 25 Graus do chamado Rito de Heredom, que mais tarde receberiam a adição de mais oito Graus com a fundação do Supremo Conselho de Charleston, a partir de 1800. Esse Supremo Conselho foi o primeiro do mundo, sendo assim, o Supremo Conselho Mater-Mundi.
As causas da criação dos Altos Graus são obscuras. Alguns autores acham que foram políticas, sendo uma maneira de controlar as Lojas Maçônicas; outros acham que foram doutrinárias com extensão da Maçonaria Simbólica, agregando novos estudos no desenvolvimento dos Maçons; outros acham, ainda, que as vaidades pessoais e a busca de títulos deram causa à criação dos Altos Graus. O Rito Escocês foi o primeiro Rito Maçônico a possuir Altos Graus. Na origem dos Altos Graus há certa uniformidade entre os autores, apesar dos que defendem a participação efetiva de Frederico II da Prússia, o que não é realidade, mas concordam que o Discurso do Cavaleiro de Ramsay, o Capítulo de Clermont e o Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente, Grande e Soberana Loja Escocesa de São João de Jerusalém, constituem os pontos fundamentais na origem dos Altos Graus.
O documento produzido pelo Cavaleiro de Ramsay induziu a uma reforma maçônica com a adoção dos Altos Graus. Este documento passou à história como o Discurso de Ramsay.
O Capítulo de Clermont foi criado em Paris e teve pouca duração. Pregava basicamente duas coisas: não se submeter à Grande Loja da Inglaterra e praticar, propagar e divulgar os Altos Graus.
O Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente, também fundado a partir do Capítulo de Clermont, era a Grande e Soberana Loja Escocesa de São João de Jerusalém e foi uma importante Potência escocesa. Foi essa Potência que criou um sistema escalonado de 25 Graus, que eram chamados Graus de Perfeição, os que iam do Grau 4 ao 25. Esta escala de 25 Graus recebeu a denominação de Rito de Perfeição ou Rito de Heredom.
Posteriormente, Morin recebeu do Conselho dos Imperadores do Oriente e Ocidente uma carta-patente que o credenciava a criar Lojas dos Altos Graus nas Américas, muito embora ele tenha constatado que aqui na América já havia Lojas de Altos Graus em pleno e perfeito funcionamento.
Essa tal carta-patente, cuja autenticidade foi questionada, mais tarde foi autenticada pelo Conde Auguste de Grasse-Tilly, primeiro Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho da França.
Ao sistema de 25 Graus do Rito de Heredom, os norte-americanos adicionaram mais oito Graus, criando assim a escalada hierárquica que temos atualmente no Rito Escocês Antigo e Aceito.
A denominação "Antigo e Aceito" surgiu na França por cópia de uma situação criada com a fundação da Grande Loja de Londres. Ocorre que, já bem anteriormente, a Ordem Maçônica recebia os "Aceitos" que eram Maçons que, apesar de aceitos na Ordem, não exerciam as profissões dos Operativos. Com a criação da Grande Loja de Londres, muitas Lojas fizeram-lhe oposição, não se submetendo à nova Obediência. Os Maçons das Lojas subordinadas à Grande Loja foram considerados "Modernos" (o que não tem nada a ver com o Rito Moderno, que surgiria mais tarde na França). Já os Maçons residentes foram considerados "Antigos".
Algo semelhante aconteceu na França, mais tarde. O Grande Oriente da França resolveu fazer uma revisão nos Altos Graus e apresentou um Rito que tinha apenas quatro Altos Graus.
Nascia aí o Rito Francês, ou Francês Moderno ou, simplesmente, Moderno.
Passaram, então, os adeptos do Rito Escocês, que vinha expan-dindo-se, a criticar o novo Rito, chamando-o de "Moderno", enquanto denominavam a si mesmos de "Antigos e Aceitos", ao mesmo tempo em que deram oficialmente nome ao Rito de Rito Escocês Antigo e Aceito.
Como dissemos, o primeiro Supremo Conselho criado no mundo foi o Norte-americano de Charleston; o segundo foi o Supremo Conselho da França e a partir daí estendeu-se para o mundo pelas mãos do Conde de Grasse-Tilly.
Pelo que a história registra o Rei Frederico II da Prússia pouco ou nada teve a ver com a criação e expansão dos Altos Graus, que foram criados por norte-americanos de origem judaica.

Os Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito

LOJAS SIMBÓLICAS
- Aprendiz Maçom
- Companheiro Maçom
- Mestre Maçom


LOJAS DE PERFEIÇÃO
- Mestre Secreto
- Mestre Perfeito
- Secretário íntimo
- Preboste e Juiz
- Intendente dos Edifícios
- Mestre Eleito dos Nove
- Mestre Eleito dos Quinze
- Mestre Eleito dos Doze
- Grão-Mestre Arquiteto
- Real Arco
- Perfeito e Sublime Maçom

CAPÍTULOS
- Cavaleiro do Oriente ou da Espada
- Príncipe de Jerusalém
- Cavaleiro do Oriente e do Ocidente
- Cavaleiro Rosa-Cruz

CONSELHOS KADOSH
- Grande Pontífice
- Mestre Ad Vitam
- Noaquita ou Cavaleiro Prussiano
- Cavaleiro do Real Machado
- Chefe do Tabernáculo
- Príncipe do Tabernáculo
- Cavaleiro da Serpente de Bronze
- Escocês Trinitário
- Grande Comendador do Templo
- Cavaleiro do Sol
- Grande Escocês de Santo André da Escócia
- Cavaleiro Kadosh

CONSISTÓRIOS
- Grande Inspetor
- Sublime Príncipe do Real Segredo

SUPREMO CONSELHO
- Soberano Grande Inspetor Geral
Relacionamento Com o Rito Moderno
Os Graus 9, 14, 15 e 18 do Rito Escocês são idênticos aos Graus 5, 6, 7 e 8 do Rito Moderno.



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Rito de Schroceder

Também chamado de Rito Alemão, é mais adotado com o nome do seu organizador, Friedrich Ludwig Schroeder, o grande reformador do teatro alemão e Grão-Mestre da Grande Loja de Hamburgo e Baixa Saxônia.
Este Rito pretendeu modernizar o Sistema Maçônico, sem, todavia, fugir às tradições e características que a regularidade exigiria. O juramento foi substituído pela confiança da "Palavra de Honra".
Na versão para a língua portuguesa, os primeiros Rituais foram utilizados pela Loja "Mozart", da Grande Loja de Santa Catarina, que hoje não mais pratica o Rito. Em alemão, foi utilizado pela Loja "Amizade ao Cruzeiro do Sul" de Santa Catarina, e que também já utiliza o Rito Escocês Antigo e Aceito.
Um grande divulgador do Rito é o Irmão Kurt Max Hausen, da Grande Loja do Rio Grande do Sul, na qual o mesmo é utilizado por algumas das suas afiliadas, traduzido que foi pelo Irmão Hausen da Loja "Absalão As Três Urtigas" da Alemanha.
O Rito Alemão não possui Graus Superiores, restringindo-se apenas aos três Graus Simbólicos, de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom.


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Rito Adonhiramita

Este Rito muito influenciou o Rito Escocês Antigo e Aceito no Brasil. Dele foram enxertadas as Cerimônias do Acendimento de Velas e o uso do Bastão, além do costume do Nome Simbólico.
Originalmente o Rito possuía 13 Graus, mas, no Brasil, foram-lhe introduzidos 20 Graus do Rito Escocês, descaracterizando-o totalmente.
Segundo inúmeros historiadores maçônicos este Rito teria sido criado pelo Barão Tschoudy, mas os Irmãos Assis Carvalho e José Castellani, em pesquisas recentes, afirmam ter o Rito sido criado por Luiz Guilherme de São Victor, em 1781, quando o Barão Tschoudy já havia falecido.
É um Rito em extinção, apesar de ter sido o primeiro Rito Maçônico praticado no Brasil.

Os Graus do Rito Adonhiramita

LOJAS SIMBÓLICAS
-Aprendiz
- Companheiro
- Mestre Maçom

GRAUS FILOSÓFICOS
- Mestre Perfeito
- Eleito dos Nove
- Eleito de Perignan
- Eleito dos Quinze
- Aprendiz Escocês
- Companheiro Escocês
- Mestre Escocês
- Cavaleiro da Espada
- Soberano Príncipe Rosa-Cruz
- Cavaleiro Noaquita


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Rito de York

Este, também conhecido como Rito Inglês, teve origem na fusão dos adeptos do Rito dos Antigos Maçons da Inglaterra, conhecidos também por Pedreiros Livres, com os Maçons Modernos.
Este Rito foi levado a Londres em 1777 com a criação do Grande Capítulo do Real Arco. Nos Estados Unidos é praticado com algumas alterações, transformando-se no Rito Americano.
No Brasil, é pouco praticado.
A Ritualística Yorquina exige dos seus praticantes que os Rituais sejam decorados pelas Luzes e Oficiais, não admitindo a leitura em Loja.

Os Graus do Rito de York

Aprendiz Introduzido
Companheiro do Grêmio
Mestre Maçom
Sagrado Real Arco

A Maçonaria Yorquina não considera, na teoria, que o Rito tenha quatro Graus, mas ressalta que o Sagrado Real Arco (Holly Royal Arch) é um complemento do Terceiro Grau.
É o Rito mais praticado em toda a Terra, sendo conhecido também como Rito de Emulação.



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O Rito Moderno

Também conhecido por Francês ou Francês Moderno, é um dos Ritos mais hostilizados desde a sua implantação, em 1761.
Primeiramente sofreu a pressão e a crítica contundente dos Maçons investidos nos Altos Graus pelo fato de eles terem sido reduzidos. Posteriormente, a investida dos Maçons adeptos da Maçonaria de três Graus, que acharam um absurdo a dotação ao Rito de mais quatro Graus. Por último foi considerado um Rito ateu pelos tradicionalistas em virtude de este Rito deixar a critério de cada Irmão as concepções a respeito de problemas dogmáticos.
Na verdade, certa chama de antipatia é mantida, pelo fato de, num trecho do seu Ritual de Iniciação, o Rito Francês recomendar aos seus iniciandos com relação "aos Ritos que se utilizam de fórmulas e provas penosas e pavorosas", fazendo clara alusão às práticas Iniciáticas utilizado pelos Ritos Escocês Antigo e Aceito e Adonhiramita, e atualmente também ao
Brasileiro. Muito embora estes Ritos não sejam nominalmente citados, sente-se o constrangimento dos seus adeptos.
É o Rito Oficial do Grande Oriente do Brasil, apesar de o Rito mais praticado naquela Potência ser o Rito Escocês Antigo e Aceito.
É falsa a imputação que querem dar ao Rito de que seja um Rito ateu. Na realidade, matéria dogmática ou de fé, o Rito moderno nem afirma e nem nega, deixa estas concepções a critério de seus Iniciandos.

Graus do Rito Moderno

SIMBOLISMO
- Aprendiz
- Companheiro
- Mestre Maçom

GRAUS SUPERIORES
- Eleito Secreto
- Eleito Escocês
- Cavaleiro do Oriente
- Cavaleiro Rosa-Cruz



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Os Ritos

Rito, do latim ritu, é o conjunto das fórmulas, regras, normas e prescrições a serem observadas na prática de um trabalho religioso, no desenvolvimento de um culto, ou de uma seita, que estão consolidadas ou consignadas num documento a que chamamos de Ritual.
A rigor poderíamos definir esta expressão como o conjunto de regras ou preceitos, de conformidade com os quais se praticam as cerimônias e se comunicam os sinais, toques e palavras, bem como de todas as demais instruções secretas dos graus.
Cada Rito tem o seu conjunto de regras próprias, as características que o personalizam e a sua própria história, constituindo assim um Sistema Maçônico. Praticamente, Rito é o conjunto das regras que limitam um determinado sistema.
Como regra geral, o importante é o Maçom conhecer bem a parte inerente ao Grau ou Graus que possua, do Rito que pratica. Após essa compreensão e conhecimento é que se deve partir para o estudo dos demais Ritos, fazendo análises comparativas.
A perfeita unidade maçônica será mais fácil de atingir se houver a fusão de Lojas e Potências e no momento em que os Maçons praticarem o mesmo Rito.
Ao contrário do que muitos erradamente pensam, não existe nenhum organismo internacional ou nacional para reconhecer um Rito, bem como não existe nenhum órgão, instituto, federação ou organização de qualquer espécie que forneça licença para criação ou reconhecimento ou ainda regularização de um determinado Rito.
O máximo que uma Potência pode fazer é determinar à sua Jurisdição a prática de um determinado Rito.
Devemos lembrar que os Ritos são subordinados apenas às Oficinas-chefes de Rito, que são os seus respectivos Supremos Conselhos, cabendo, por outorga destes, às Grandes Lojas ou Grandes Orientes a administração dos três Graus Simbólicos. Portanto, nenhuma Grande Loja ou Grande Oriente é dono de qualquer Rito, constituindo, inclusive, falta gravíssima a introdução de alterações, acréscimos ou supressões.
Acredito que todos os Ritos, tal como hoje se encontram, devem ter a sua origem, em face da grande semelhança que guardam entre si, num mesmo Rito a que os Maçonólogos e autores chamam de Rito Básico dos Maçons Operativos.
Elias Ashmole, antiquado e alquimista rosacruciano, foi quem "criou" o Rito Básico. A sua criação partiu da observação e do estudo das Antigas Instituições Iniciáticas e adequando-as à sistemática da Maçonaria Operativa.
Na Maçonaria nota-se o aproveitamento de três fases distintas sem a precisão de um limite entre elas. A primeira foi a dos Antigos Mistérios: Mistérios Egípcios, Mistérios Gregos, Essênios, Elêusis, Rosacrucianos e Judaísmo. A segunda fase, mais recente e intermediária, foi a chamada Maçonaria Operativa, que vai desde as Guildas e as Corporações de Construtores até a aceitação dos não Operativos, iniciando desta forma a terceira fase, a da Maçonaria Especulativa.
Deve-se ter em mente que na formação da história real da Maçonaria as diversas fases imbricam-se e os conhecimentos somam-se. Foi no início da terceira fase, que dura até hoje, que se criaram as concepções modernas dos Rituais, com a consolidação dos três Graus do Rito Básico.
Isto não quer dizer que a Maçonaria tenha a idade da humanidade, como muita gente pensa. A influência nos Rituais é que é antiga. A instituição, não!
A Maçonaria Especulativa teve a sua origem na Europa e dividiu-se em três ramos com filosofias mais ou menos definidas.
A inglesa adotou um comportamento mais tradicionalista. A francesa, que teve origem na inglesa, em face das turbulências da época, adotou um comportamento mais político, fato que inclusive veio a influenciar a Maçonaria latino-americana. E, finalmente, a alemã que, talvez influenciada pelos mesmos ventos filosóficos que determinaram a Reforma da Igreja, se dedicou aos aspectos mais metafísicos e filosóficos, com nítida influência rosacruciana, criando-se lá, inclusive, os Ritos de Schroeder e o da Estrita Observância.
Todavia, devemos observar que essas diferenças não se fazem presentes nos gestos e sinais de reconhecimento, que são universais. Elas se fazem sentir no modo de atuação, isto é, no lado esotérico da Instituição.
Este posicionamento reforça e dá sustentação as teses defendidas por Jaimes Lopez Dalmau no seu trabalho A História Mística da Maçonaria.
Os três Graus do Rito Básico foram compostos entre 1646 e 1649.
Existem, entre praticados e conhecidos, mais de 80 Ritos Maçônicos, Iniciáticos ou conexos, estando a maioria extintos.

Atualmente, a população maçônica pratica basicamente os seguintes Ritos no Brasil:

Rito Moderno
Rito de York
Rito Adonhiramita
Rito de Schroeder
Rito Escocês Antigo e Aceito
Rito Brasileiro de Maçons, Antigos, Livres e Aceitos

Isto posto, vamos tecer um resumido comentário a respeito de cada um destes Ritos.



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Denominações e Fins dos Graus

Muito embora existam ritos com incontáveis graus, tendo este trabalho como base, o Rito Escocês Antigo e Aceito, deste demonstra-se os seus 33 graus, dando de cada um, sua representação na doutrina maçônica: Grau Denominação Finalidade

1º Aprendiz (Princípios maçônicos)
2º Companheiro (Trabalho da virtude e ciências)
3º Mestre (Intransigência no trabalho)
4º Mestre Secreto (Discrição e vigilância)
5º Mestre Perfeito (Perfeição individual)
6º Secretário Íntimo (Maior aprendizado)
7º Preboste e Juiz (Julgamento das ações)
8º Intendente dos Edifícios (Ordem e análises)
9º Cavaleiro Eleito dos Nove (Verdade e virtude contra erros)
10º Ilustre Eleito dos Quinze (Extinção das paixões)
11º Eleito Chefe de Tribos (Correção do costumes, ciências e artes)
12º Grande Mestre Arquiteto (Coragem permanente)
13º Cavaleiro do Real Arco (In memória dos fundadores da Ordem)
14° Grande Eleito Perfeito (Ao G. A. D. U.)
15º Cavaleiro do Oriente (Aos libertadores da Pátria)
16º Príncipe de Jerusalém (Júbilo do triunfo)
17º Cavaleiro do Oriente e do Ocidente (Vantagens dos estudos maçônicos)
18° Soberano Príncipe Rosa Cruz (Culto Evangélico)
19º Sublime Escocês / Grande Pontífice (Pontificado da religião universal)
20º Grão Mestre das Lojas Simbólicas (Deveres dos responsáveis da L.M.)
21º Cavaleiro Patriarca Noaquita (Perigos de ambição e arrependimento)
22º Príncipe do Líbano (Sentimentos nobres e generosos)
23º Chefe do Tabernáculo (Vigilância da Ordem)
24º Príncipe do Tabernáculo (Conservação das doutrinas maçônicas)
25º Cavaleiro da Serpente de Bronze (Estímulo aos trabalhos úteis)
26º Príncipe da Mercê (Estima e recompensa)
27º Grande Comendador do Templo (Superioridade e à independência)
28º Cavaleiro do Sol (Verdade nua)
29º Grande Cav. Escocês de Santo André (À antiga Maçonaria da Escócia)
30º Cavaleiro Kadosch (Revisão de todos os graus)
31º Grande Juiz Comendador (À alta justiça da Ordem)
32º Sublime Príncipe do Real Segredo (Simbólico Comando Militar da Ordem)
33º Grande Inspetor Geral Superior (Administração)


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terça-feira, 1 de março de 2011

A Preparação

Antes de ser admitido no Templo, é necessário que seja feito um preparo físico correspondente ao preparo moral que o candidato fez na câmara de reflexões: os olhos devem ser vendados, coloca-se uma corda no pescoço e descobre-se o lado esquerdo de seu peito, o joelho direito e o pé esquerdo.

Que significa esta preparação?

A venda que lhe cobre os olhos não é simplesmente o símbolo do estado de ignorância ou cegueira, de sua incapacidade para perceber a verdadeira Luz. Como preparação para ser admitido no Templo, é evidente a necessidade de uma constituição da obscuridade da câmara de reflexões, uma cegueira voluntária, um isolamento das influências do mundo exterior e da luz ilusória dos sentidos como meio para chegar à percepção espiritual da Verdade.
O cordão que lhe cinge o colo lembra-nos o dos frades, assim como o cordão umbilical que une o feto à mãe no período de sua vida intra-uterina. Além de indicar o estado de escravidão as suas paixões, erros e preconceitos, em que o homem se encontra nas trevas do mundo profano, o jugo da fatalidade que pesa sobre ele, mostra seu desejo, vontade e capacidade de libertar-se deste jugo e desta escravidão, aceitando voluntariamente as provas da vida e cooperando com a sua disciplina. Desta forma, os próprios obstáculos, dificuldades e contrariedades, convertem-se em graus e meios de progresso. Finalmente, o triângulo da nudez, que constitui o terceiro elemento desta simbólica preparação, é um novo despojo voluntário de tudo o que não é estritamente necessário e constituiria um obstáculo ao progresso posterior - o despojo de todo convencionalismo que impede a sincera manifestação de seus sentimentos e de suas aspirações mais profundas (nudez do peito esquerdo); do orgulho intelectual, que impede o reconhecimento da Verdade (nudez do joelho direito); da insensibilidade moral, que impede a prática da Virtude (nudez do pé esquerdo).
A perfeita sinceridade das aspirações é, pois a primeira condição de todo progresso; mas faz-se necessário com ela um bem compreendido espírito de humildade (que não deve confundir-se com um falso desprezo de si mesmo, nem com a ignorância das divinas possibilidades que se encontram em nós mesmos), dado que nosso progresso deve desenvolver se num plano superior à ilusão da personalidade. Com a primeira destas duas qualidades abrimos nosso coração, e com a segunda nossa inteligência ao sentimento e à percepção daquela Realidade que Jesus chamou o Reino dos Céus, meta de toda iniciação.
Enquanto a nudez do pé esquerdo - o instrumento do caminhar que abre nossa marcha para frente - indica a faculdade do discernimento que devemos usar em cada passo de nosso caminho e que nos permite reconhecer a verdadeira natureza dos obstáculos e provas do caminho, nos quais podemos tropeçar.
Com este preparo, o candidato encontra-se em condições de bater à porta do Templo, de pedir, buscar e encontrar a Luz da Verdade.



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O Testamento

O novo nascimento ou regeneração ideal que indica, em todos seus aspectos, a câmara de reflexões, tem finalmente o seu selo e concretiza-se por um testamento, que é fundamentalmente um atestado ou reconhecimento de seus "deveres", ou seja, de sua tríplice relação construtiva, com o princípio interior (individual e universal) da vida, consigo mesmo como expressão individual da Vida Una, e com seus semelhantes, como expressão exterior da própria Vida Cósmica. Trata-se de um testamento iniciático bem diferente do testamento ordinário ou profano. Enquanto este último é uma preparação para a morte, o testamento simbólico pedido ao recipiendário, antes de sua admissão às provas, é uma preparação para a vida - para a nova vida do Espírito para a qual deve renascer.
Morte e nascimento são na realidade, dois aspectos intimamente entrelaçados e inseparáveis de toda mudança que se verifica na forma expressão, interior e exterior, da Vida Eterna do Ser. Na economia cósmica, e da mesma forma na vida individual, a morte, cessação ou destruição de um aspecto determinado da existência subjetiva e objetiva, é constantemente acompanhada de uma forma de nascimento. Assim pois, só em aparência os consideramos como aspectos opostos da Vida, ou como seu princípio e fim, enquanto indicar simplesmente, uma alteração ou transformação, e o meio no qual se efetua um progresso sempre necessário, ainda que a destruição da forma não seja sempre sua condição indispensável.
Como emblema da morte do homem profano, indispensável para o nascimento do iniciado, o testamento que faz o candidato é um testamento do qual ele mesmo será posteriormente chamado a converter-se em executor, um Programa de Vida que deverá realizar com uma compreensão mais luminosa de suas relações com todas as coisas.
A primeira relação ou "dever" do testamento é a do próprio indivíduo com o Princípio Universal da Vida, uma relação que tem de reconhecer-se e estabelecer-se interiormente, e não sobre a base das crenças ou prejuízos, sejam positivos ou negativos. Não se pergunta ao candidato se crê ou não em Deus, nem qual é seu credo religioso ou filosófico; para a Maçonaria todas as "crenças" são equivalentes, como outras tantas máscaras da Verdade que se encontram atrás ou sob a superfície delas e somente à qual aspira a conduzir-nos.
O que é de importância vital é nossa íntima e direta relação com o Princípio da Vida (qualquer que seja o nome que lhe dê externamente, e o conceito mental que cada um possa ter formado ou dele venha a formar, uma relação que é estabelecida na consciência, além do plano da inteligência ou mentalidade ordinária, sendo sós diretamente nela onde pode manifestar-se aquela Luz "que ilumina a todo homem que vem a este mundo".
A consciência desta relação, que é Unidade e Individualidade, traduz-se no sentido da primeira pergunta do testamento: "Quais são os vossos deveres para com Deus?" A segunda: "Quais são os vossos deveres para vós mesmos?" nada mais é do que a conseqüência da primeira. Tendo-se reconhecido, no íntimo de seu próprio ser, naquela solidão da consciência que está simbolizada pela câmara de reflexões como uma manifestação ou expressão individual do Princípio Universal da Vida, o candidato é chamado a reconhecer o modo pelo qual sua vida exterior se encontra intimamente relacionada com o que ele mesmo é interiormente, e como a compreensão desta relação tem em si o poder de dominá-la e dirigi-la construtivamente.
O homem é como manifestação concreta, o que ele mesmo se fez e faz constantemente, com seus pensamentos conscientes e subconscientes, sua maneira de ser e sua atividade. Seu primeiro dever para consigo mesmo é realizar-se e chegar sempre a ser a mais perfeita expressão do Princípio de Vida que nele busca. E encontra uma especial diferente e necessária manifestação, deduzindo ou fazendo aflorar à luz do dia, as possibilidades latentes do Espírito, aquela Perfeição que existe imanente, mas que só se manifesta no tempo e no espaço, na medida do íntimo reconhecimento individual.
Quanto aos deveres para com a humanidade, estes representam um sucessivo reconhecimento íntimo que é complemento necessário dos dois primeiros: tendo-se reconhecido como a manifestação individual do Princípio Único da Vida, e sabendo que ele é por fora o que realiza por dentro, deve acostumar-se a ver em todos os seres outras tantas manifestações do próprio Princípio. Deste reconhecimento, brota como conseqüência necessária o seu dever ou relação para com a humanidade que não pode ser outra coisa que a própria fraternidade.
A compreensão desta tríplice relação é o princípio da iniciação, o início efetivo de uma nova vida, o testamento ou doação que é feita para si próprio, preparando-se para executá-lo. É a preparação necessária para as viagens ou etapas sucessivas do progresso que o aguardam.



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O Mercúrio Vital

A ação e interação entre estas duas tendências opostas, pois, destinada a produzir em nós, ativando o estado latente que se encontra dentro de nosso Germe Espiritual, o mercúrio vital ou princípio da Inteligência e Sabedoria, que corresponde ao salvo da filosofia hindu: o ritmo da natureza, produzido pela lei de Harmonia e Equilíbrio.
O pensamento em todos seus aspectos nasce, pois, naturalmente no indivíduo, da ação e relação entre suas tendências ativas e passivas, entre o amor e o ódio, a atração e a repulsão, a simpatia e a antipatia, o desejo e o temor. Cresce e adquire sempre maior força, independência e vigor quando lutam entre si o instinto e a razão, a vontade e a paixão, o entusiasmo e a desilusão. Eleva-se e floresce sempre mais livre, claro e luminoso, conforme aprende a seguir seus ideais e aspirações mais elevadas, e quando estas conseguem sobrepor-se à sua ignorância, erros e temores, assim como às demais tendências passionais e instintivas.
Em outros termos, o pensamento nasce, cresce, se eleva e sublima, conseguindo alcançar horizontes sempre mais altos, amplos e iluminados, conforme predomine na mente e em toda a personalidade o elemento ou vibração sátvica, o princípio do equilíbrio e da harmonia, que produz a Música das Esferas e engendra toda a criação e concepção caracterizada por sua genialidade e formosura. Pois este mercúrio sublimado é o único que pode perceber a Verdadeira Luz, que se torna com sua reflexa mental luz criadora, simbolizada pela Vênus Celestial, antiga divindade da Luz, e, portanto da beleza que a acompanha.
O fogo rajásico, aceso no homem, inicialmente pelos desejos e paixões, e depois pela vontade, o entusiasmo e suas mais nobres aspirações (que constituem o enxofre em seus diferentes aspectos), agindo sobre a substância tamásica dos instintos, temores e tendências conservadoras (o sal da reflexão), que constitui a matéria-prima de nosso caráter, faz fermentar, ferver e sublimar esta massa heterogênea no crisol da vida individual, produzindo finalmente esse mercúrio refinado ou elemento sátvico, ou seja, a Sabedoria, nascida da transmutação - por meio da sublimação e refinamento - da ignorância, do erro, do temor e da ilusão.


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O Sal e o Enxofre

Uma vasilha de sal e uma de enxofre encontra-se também sobre a mesa, junto com o pão e a água. Ainda que o primeiro seja habitualmente conhecido como um condimento, sua associação simbólica com o segundo não deixa de parecer algo estranho e misterioso. O que significam pois, estes dois novos elementos, este novo casal hermético, que se une ao interior?
Trata-se de um novo tema de meditação que é apresentado ao candidato, sobre os meios e elementos com os quais deve se preparar para uma nova Vida, iluminada pela Verdade e concebida, ativa e fecunda com a prática da Virtude, a que se referem o Enxofre e o Sal em sua mais elevada acepção.
Como tal, indica o primeiro a Energia Ativa, que se torna a Força Universal, o princípio criador e a eletricidade vital que produzem e animam todo crescimento, expansão, independência e irradiação. Enquanto que o segundo é o princípio atrativo que constitui o magnetismo vital, a força conservadora e fecunda que inclina à estabilidade e produz toda maturação, a capacidade assimilativa que tende para a cristalização, o princípio da resistência e a reação centrípeta que se opõe à ação ativa da força centrífuga.
Assim, pois, da mesma maneira que no pão e na água vimos os dois aspectos da Substância cósmica e vital, nestes dois novos elementos temos os dois aspectos ou polaridades da Energia Universal, dirigido o primeiro de dentro para fora, aparecendo exteriormente como direito (ou destro), e o segundo de fora para dentro, manifestando-se como esquerdo (ou sinistro).
São respectivamente, rajas tamas - os dois primeiros gunas (ou qualidades essenciais) da filosofia hindu -, e o impulso ativo que produz toda mudança e variação, e engendra no homem o entusiasmo e o amor à atividade, o desejo e a paixão. A tendência passiva para a inércia e a estabilidade é inimiga de mudanças e variações, produzindo em nosso caráter, firmeza e persistência, e com seu domínio da mente, a ignorância, a inconsciência e o sentido da materialidade, que nos prendem às necessidades e preocupações exteriores e aos instintos destinados à proteção da vida em suas primeiras etapas.
O primeiro nos impele constantemente para cima e para frente, anima-nos e nos dá firmeza em todos nossos passos, dá-nos o ardor, a iniciativa, o espírito de conquista, a vontade e a capacidade de satisfazer nossos desejos e conseguir o objetivo de nossas aspirações; mas, dá-nos também, a inquietude, a inconstância e o amor das mudanças e novidades, a impulsividade que nos inclina para ações inconsideradas, fazendo-nos recolher frutos maduros e perder os melhores e mais desejáveis resultados de nossos esforços.
O segundo é aquele que nos refreia e desalenta; faz com que nos recolhamos em nós mesmos, dá-nos o temor e a reflexão, faz-nos abraçar e estabelecer igualmente o erro e a verdade, os hábitos viciosos e virtuosos fazem-nos fiéis e perseverantes, firmes em nossa vontade e tenazes em nossos esforços; dá-nos a capacidade de atrair aquilo com o que estamos interiormente sintonizados por nossos desejos, pensamentos, convicções e aspirações. Dá-nos a desilusão e o discernimento, afasta-nos das mudanças e de toda ação irrefletida, mas também, de todo progresso, esforço e superação.
São as duas colunas ou tendências que se achar constantemente ao nosso lado, em cada um de nossos passos sobre o caminho da existência, e nossa felicidade, paz e progresso efetivo baseiam-se em nossa capacidade de manter em cada momento um justo e perfeito equilíbrio entre estas tendências opostas, conservando-nos a igual distância de uma e de outra, sem deixar que nenhuma das duas adquira um predomínio indevido sobre nós, mas que trabalhem em perfeita harmonia, dando-nos, cada uma delas, suas melhores qualidades: o ardor reflexivo e a paciência iluminada, o entusiasmo perseverante e a serenidade inalterável, o esforço vigilante e a firmeza incansável, que também simbolizam sobre a parede da câmara, o galo e a clepsidra.


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O Pão e a Água

Essa semente, que deve morrer na terra para produzir a nova vida da planta, cuja perfeição encerra em estado potencial, morreu efetivamente no pão que está sobre a mesa da câmara de reflexões, para simbolizá-la. Este pão representa, além disso, a substância que constitui o meio pelo qual a vida se manifesta em todas as suas formas, a matéria prima continuamente o mecanismo incessante da renovação orgânica, passando de um a outro estado, de uma a outra forma de existência.
Ao lado do pão, encontra-se um copo com água, ou seja, aquele elemento úmido - outro aspecto da própria Substância Mãe - que é fator e condição indispensável de crescimento, germinação, maturação, reprodução e regeneração. Como a Vênus Anadiômera, que se transforma em Vênus Genitrix; a Mãe Universal, também a Vida somente pode nascer do seio das águas, enquanto que a terra mitologicamente simbolizada por Géa e Deméter (às quais estavam consagradas os Mistérios de Elêusis) converte se na nutris.
Estas duas formas complementares da Substância Unam, atuam constantemente uma sobre a outra, como podemos observar em todos os processos biológicos; em seu estado primitivo, o pão representa o carbono que sob a forma de ácido carbônico, é encontrado na atmosfera, e que a vida vegetal transforma nos hidrocarbonatos, substâncias básicas que constituem todas as partes da planta, das quais nascem posteriormente as proteínas. Todas estas produções necessitam como base o elemento úmido, que pode comparar-se à Matriz - Templo e Oficina de toda a atividade orgânica.
Finalmente, o pão e a água possuem moralmente fundamentos de sobriedade e sensibilidades indispensáveis para a vida do iniciado, e juntamente com o despojo dos metais, este demonstra seu discernimento, que o faz buscar unicamente o essencial - os verdadeiros Valores da existência, que só podem nos dar paz, felicidade e satisfação, fazendo-se fatores de nosso progresso interior em Sabedoria e Virtude -, eliminando todas as superfluidades e complicações da vida profana, em cuja busca o homem ordinário perde suas melhores energias.



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O Grão de Trigo

O quarto de reflexões constitui a prova da terra - a primeira das quatro provas simbólicas dos elementos - e, através de sua analogia, conduz-nos aos Mistérios de Elêusis, nos quais o iniciado era simbolizado pelo grão de trigo atirado e sepultado no solo, para que germinasse abrisse, por seu próprio esforço, um caminho para a luz.
A semente, na qual se encontra em estado latente ou potencial toda a planta, representa muito bem as possibilidades latentes do indivíduo que devem ser despertadas e manifestadas à luz do dia, no mundo dos efeitos. Todo ser humano, é, efetivamente, um potencial espiritual ou divino, idêntico ao potencial latente da semente, que deve ser desenvolvido ou reduzido à sua mais plena e perfeita expressão, e este desenvolvimento é comparável, em todos os sentidos, ao desenvolvimento natural e progressivo de uma planta.
Assim como a semente, para poder germinar e produzir a planta devem ser abandonados ao solo, onde morre como semente, enquanto o germe da futura planta começa a crescer, assim também, o homem, para manifestar as possibilidades espirituais que nele se encontram em estado latente, deve aprender a concentrar-se no silêncio de sua alma, isolando-se de todas as influências externas, morrendo para seus defeitos e imperfeições a fim de que o germe da Nova Vida possa crescer e manifestar-se.
Uma vez que o Germe espiritual, a Divina Semente de nosso ser, é imortal e incorruptível, esta morte - como toda forma de morte, sob um ponto de vista mais profundo - é simplesmente o despojo de uma forma imperfeita e a superação de um estado de imperfeição, que foram no passado um degrau indispensável ao nosso progresso, mas que a atualidade transformou-se numa limitação e ao mesmo tempo numa necessidade; na oportunidade e na base para um novo passo adiante.
Essa imperfeição ou limitação que deve ser superada - os estreitos limites em que se acha enclausurado nosso pensamento e nosso ser espiritual pelos erros e falsas crenças assimiladas na educação e na vida profana – é o que simboliza a casca da semente, produzida por esta como proteção necessária em seu período de crescimento, e inteiramente análoga à casca mental de nosso próprio caráter e personalidade.



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Significado da Câmara

A Câmara de reflexões, como o seu nome o indica, representa antes de tudo aquele estado de isolamento do mundo exterior que é necessário para a concentração ou reflexão íntima, com a qual nasce o pensamento independente e é encontrada a Verdade. Aquele mundo interior para o qual devem dirigir-se nossos esforços e nossas análises para chegar, pela abstração, a conhecer o mundo transcendente da Realidade. É o "gnothi seautón" ou "conhece-te a ti mesmo" dos iniciados gregos e hindus, como único meio direto e individual para poder chegar a conhecer o Grande Mistério que nos circunda e envolve nosso próprio ser. “Isto, e a cor negra do quarto, trazem-nos à mente a antiga fórmula alquímica e hermética do Vitríolo: “Visita Interiora Terrae, Rectificando Invenies Occultum Lapidem”, Visita ao interior da Terra: retificando encontrarás a pedra escondida”. Isto é: desce às profundezas da terra, sob superfície da aparência exterior que esconde a realidade interior das coisas e a revela; retificando teu ponto de vista e tua visão mental com o esquadro da razão e o discernimento espiritual, encontrarás aquela pedra oculta ou filosofal que constitui o Segredo dos Sábios e a verdadeira Sabedoria.
A representação da Verdade final e fundamental por uma pedra, não demonstra nada de estranho se imaginar que deve constituir a base sobre a qual descansa o edifício de nossos conhecimentos, que se transformará na Igreja ou Templo de nossas aspirações, e o critério ou medida sobre a qual, e a cuja imagem, deve enquadrar-se ou retificar-se todos os nossos pensamentos.
Os ossos e as imagens da morte que se encontram representadas nas paredes da câmara, além de indicar a morte simbólica que é pedida ao candidato para que complete seu novo nascimento, mostram os fragmentos esparsos e desunidos da Realidade morta e dividida na aparência exterior, cuja Vida e Unidade ele deverá buscar e encontrar interiormente, reconhecendo-a sob a aparência e dentro dela.



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Livre e de Bons Costumes

Ser "livre e de bons costumes" é a condição preliminar que é pedida ao profano para poder admiti-lo em nossa Ordem, condição necessária tanto de todo progresso moral como espiritual, de toda evolução na senda da Verdadeira Luz, ou ainda, da Verdade e da Virtude.
Livre dos preconceitos e dos erros, dos vícios e das paixões que embrutecem o homem e fazem dele um escravo da fatalidade. De bons costumes por ter orientado sua vida para aquilo que é mais justo, mais elevado e perfeito. Estas duas condições tornam latente em cada homem a qualidade do maçom e a possibilidade de fazer-se ou "ser feito" como tal, enquanto em sua plenitude, o caracteriza essa mesma qualidade. Na medida de sua liberdade interior e da orientação ideal de sua vida, o homem é e "se faz" um verdadeiro maçom, um obreiro da Inteligência Construtora do Universo.
O despojo dos metais é assim, o despojo voluntário da alma, de suas qualidades inferiores, de seus vícios e paixões, dos apegos materiais que turvam a pura - luz do Espírito; o abandono das qualidades e aquisições que brilham com luz ilusória na inteligência e impedem a visão da Luz Maçônica, a Realidade que sustenta o Universo e o constrói incessantemente.
O intelectual deve igualmente despojar-se de suas crenças e preconceitos, as crenças e prejulgados científicos e filosóficos tanto quanto as superstições e preconceitos religiosos e vulgares, para que diante de seus olhos possa abrir-se o Caminho da Luz e da Verdade, aonde prepara para assentar seus pés.
Como o maçom deve aprender a pensar por si mesmo, atingindo a certeza e o conhecimento direto da Verdade, de nada lhe servem as crenças e prejulgados que constituem a moeda corrente do mundo, as aquisições materiais, como as quais nunca a Verdade pode ser paga ou comprada, e a qual o maçom deve alcançar pelo seu esforço individual.



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A Câmara das Reflexões

A Câmara das reflexões não representa unicamente a preparação preliminar do candidato para sua recepção, mas é principalmente aquele ponto crítico, aquela crise interior, onde começa a palingenesia que conduz à verdadeira iniciação, à realização progressiva, ao mesmo tempo especulativa e operativa, de nosso ser e da Realidade Espiritual que nos anima, simbolizada pelas viagens.
A Câmara das reflexões, com seu isolamento e com suas negras paredes, representa um período de obscuridade e de maturação silenciosa da alma, por meio de uma meditação e concentração em si mesma, que prepara o verdadeiro progresso efetivo e consciente que depois tornar-se manifesto à Luz do dia. Por esta razão, encontram-se nela os emblemas da morte e uma lâmpada sepulcral, e acham-se sobre suas paredes, inscrições destinadas a pôr à prova a sua firmeza de propósitos e a vontade de progredir que tem de ser selada num testamento.
Ao ingressar neste quarto (símbolo evidente de um estado de consciência correspondente), o candidato tem de despojar-se dos metais que porta consegue e que o Experto recolhe cuidadosamente. Tem de voltar a seu estado de pureza original - a nudez adâmica - despojando-se voluntariamente de todas aquelas aquisições que lhe foram úteis para chegar até o seu estado atual, mas que constituem outros tantos obstáculos para seu progresso ulterior.
Deve cessar de depositar sua confiança e cobiça nos valores puramente exteriores do mundo, para poder encontrar em si mesmo, realizar e tornar efetivos os verdadeiros valores, que são os morais e espirituais. Deve cessar de aceitar passivamente as falsas crenças e as opiniões exteriores, com o objetivo de abrir seu próprio caminho para a verdade.
Isto não significa absolutamente que tem de despojar-se de tudo o que lhe pertence e adquiriu como resultado de seus esforços e prêmio de seu trabalho, mas, unicamente, que deve deixar de dar a estas coisas a importância primária que pode torná-lo escravo ou servidor delas, e que deve pôr, sempre em primeiro lugar, sobre toda a consideração material ou utilitária, a fidelidade aos Princípios e às razões espirituais. Este despojo tem por objetivo conduzir-nos para sermos livres dos laços que de outra forma impediriam todo nosso progresso futuro. Trata-se, portanto, em essência, do despojo de todo apego às considerações e laços exteriores, com a finalidade de que possamos ligar-nos à nossa íntima Realidade Interior, e abrir-nos à sua mais livre, plena e perfeita expressão.







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