A Acácia é uma planta abundante em Jerusalém, e posto cresça em qualquer parte do mundo, as suas características diferem de região a região; a Acácia oriental produz a denominada "goma arábica", que entre nós não vinga; no sul do Brasil temos múltiplas espécies de Acácia, entre elas, a denominada "Acácia Negra", de cuja casca é extraída o "Tanino", rivalizando com o da África é considerado um dos melhores do mundo para curtir o couro dos animais. A Acácia é símbolo característico do 3.º Grau do Rito “Escocês Antigo e Aceito. Há cerca de trezentas variedades de Acácia, assim se torna difícil definir, qual, precisamente, constitui a planta maçônica. No Brasil floresce no mês de junho, por ocasião das festividades do solstício do inverno; nas cerimônias de “Adoção de Lowtons", que são levadas a efeito no dia 24 de junho, a flor de Acácia é empregada para a ornamentação do Templo. A palavra Acácia deriva do grego: "Akè" com o significado de "ponte" de um instrumento de metal. Existem variações no nome, a saber: AKAKIA, KASIA, KASSIA, AKANTHA, AKAKIA; essa última palavra significa: inocência e ingenuidade. A Acácia é uma planta da família das leguminosas- mimosas; apresenta-se como um arbusto com folhas leves, e elegantes, das regiões tropicais ou subtropicais; possui flores miúdas, ordinariamente, amarelas, perfumadas, agrupadas e muito melíferas. Os antigos egípcios tinham a Acácia como planta sagrada, era adorada pelos árabes; Maomé destruiu o mito da Acácia, que os árabes denominavam de: "Al-uzzá". A aclamação "Huzzé"," pode ter origem no vocábulo "Al-uzzá". Para os antigos, a Acácia era um emblema solar, como as folhas do Lótus e do Heliotrópio, porque as folhas acompanham a evolução do Sol e param, quando este desce no ocaso; a flor imita o disco radioso do Sol, com sua espécie de "plumagem".
"Al-uzzá" que Maomé baniu, por considerá-la idolatria, era venerada pelas tribos de Ghaftanm, de Koreiseh, de Kenânah e de Saken, a quem denominavam de "Pinheiro do Egito". Portanto, não vamos encontrar a Acácia, apenas evocá-la na literatura hebraica. Se Moisés recomendava que o Tabernáculo, a Arca da Aliança, a Mesa dos Pães da Propiciação e demais Adornos Sagrados, fossem construídos com madeira de Acácia, isto não significa que o seu uso fosse originário daquela época, pois nos mistérios egípcios seu uso era conhecido. Moisés que estivera no cativeiro, certamente, colheu dos egípcios, o uso da Acácia sagrada nas escrituras, o nome da Acácia vem como "shittah" e "shittuin", com a tradição: "Setim". Hiram Abif esculpiu os Querubins e todos os demais ornamentos, em Acácia que, posteriormente cobriu com lâminas de ouro. Considerando o tamanho dessas esculturas, e o revestimento das paredes internas, tipo "lambris", a Acácia não se apresentava como um simples arbusto, mas como árvore de grande porte. Todas as religiões místicas antigas, possuíam uma árvore simbólica para venerar. Na Maçonaria antiga encontraremos o Lotus, nas regiões do Egito, o Mirto na Grécia, o Carvalho na Druida. Nos antigos Rituais Maçônicos não é mencionada, a Acácia; ela surge ao mesmo tempo, do aparecimento do Terceiro Grau. Os Templários, ao recolherem as cinzas de Jacques de Molay, as cobriram com ramos de Acácia, evidentemente: cônscios da existência do paralelismo com Hiram Abif. Na Ilha Vert Galant, próxima à Ponte Nova, no rio Sena, em Paris, onde Jacques de Molay fora sacrificado, existem, ainda hoje, algumas Acácias de grande porte. Numa obra maçônica antiga, diz-se que a Acácia é invocada nas cerimônias do 3.º Grau, em memória da Cruz do Salvador, porque esta foi feita nos bosques da Palestina onde abundava e que a própria coroa de espinhos foi formada por ramos de Acácia que são espinhentos. (segundo Recuell Préciaux de la Maçonnerie Adonhiramite, 1787).
A adoção da Acácia no sentido místico e simbólico tem o significado do "indestrutível", do "imperecível", porque se trata de uma madeira imputrescível, devido a sua composição resinosa. Não estamos capacitados a informar se toda Acácia possuí as mesmas qualidades da "Acácia Vera" e da "Minwsa Nilótica", que são originárias da Península Arábica. Os primeiros maçons organizados retiraram da história de Israel, os principais conceitos e assim, a Acácia, por simbolizar a "Imortalidade Alma", foi aceita como símbolo sagrado. Quando o mestre diz: "A Acácia me é conhecida", quer dizer que "esteve no Túmulo", portanto, que se encontra ressurreição. O significado místico da Imortalidade que equivale a "indestrutibilidade" e que o Ser é "imperecível", é o ponto culminante da filosofia maçônica. Saindo o mestre do Túmulo, do círculo, como iniciado final, e que permaneceu soterrado no silêncio e na escuridão, qual crisálida, surge como inato alado que se lança ao espaço em direção ao Sol e à Luz. O Sol, este luminar misterioso, é anunciado pela "Mimosa", flor amarelo de ouro, símbolo da magnitude e poder. Alerta o homem que, posto revestido de elementos materiais, portanto, perecíveis, possui um Elemento mais valioso, permanente e eterno, que jamais pode perecer. É a lição mestre da Maçonaria: "A Vida ergue-se do Túmulo, para, jamais tornar a morrer". Na cerimônia da Iniciação, a planta simboliza a presença da Natureza. Natureza que difere do homem, por pertencer a outro reino. A cerimônia não pode prescindir da presença de uma planta, por isto, sempre houve plantas em todos os ritos da antiguidade. Nas cerimônias fúnebres orientais, quando os corpos são incinerados, as fogueiras são alimentadas com madeiras odoríferas consideradas sagradas. Por ironia, na Idade Média, os Mártires eram sacrificados em fogueiras. Para o maçom, a Acácia, além do mais, constitui-se em um chamamento nostálgico, pois de imediato, traz à lembrança, o sacrifício de Hiram Abif.
Nas cerimônias de Pompa Fúnebre, o fato de todos depositarem um ramo de Acácia de pequenas dimensões, sobre o esquife, simboliza a crença de que a morte é provisória. Hiram Abif foi sepultado por três vezes; a primeira, sob os escombros dos materiais de construção; a segunda vez, na "cova" aberta na terra; a terceira, com honrarias dentro do Templo. Porém, o sepultamento foi, simplesmente, o do corpo; pelas primeira e segunda vez, o corpo foi removido; na última, permaneceu definitivamente, eis que a crença de Salomão era de que o Templo, jamais seria destruído. A história comprovou que nada é definitivo na Terra, porque o que é matéria perece. Assim, ao depositarem-se ramos de Acácia, sobre o esquife, há a manifestação da crença da que, alguma coisa é imperecível no homem, como o é, simbolicamente, a Acácia. Portanto, a Acácia está ligada à crença da "Vida além Túmulo, que é um dos Landmarks maçônicos. Uma parcela expressiva do Cristianismo crê, piamente, que ao final dos tempos, os "escolhidos" ressuscitarão em "carne" e por este motivo repelem a cremação e a doação de órgãos para implantes. A ressurreição da carne posto tratar-se de um mito, faz parte do conhecimento esotérico maçônico; o cuidado e a veneração que o maçom dispensa ao corpo inerte de um irmão falecido e as homenagens que lhe rende no 33.º dia de seu passamento, constitui prática usual, porém nem de todo esclarecido e compreendido. Durante as cerimônias são dadas três pancadas sobre os tronos, com som surdo e lúgubre; essas pancadas, simbolizam as três fases "post mortem", ou seja, como já referimos, as três sepulturas do Artífice do Templo. Durante a cerimônia é formada a Cadeia de União, e ao ser transmitida a Palavra em oca forma convencional, recebendo-a o Mestre de Cerimônias anuncia que a corrente se encontra "rompida" e a "Palavra" perdida.
Todo o cerimonial desenvolve-se numa evocação à lenda de Hiram Abif e, evidentemente, com o mesmo significado esotérico. Assim, a Acácia, representa, sempre e primordialmente, um duplo símbolo:
- da mortalidade e o da imortalidade
- do luto e o do júbilo.
- do Sagrado e do profano.
Finalizando, quando o Maçom afirma que a "Acácia lhe é conhecida", equivale informar ter ele atingido o clímax do Simbolismo, o mestrado e a sua harmonização em Hiram Abif.
Não há incompatibilidade entre a cultura e a religião, mas há entre o fanatismo e a Maçonaria. Creia na vida onde quer que esteja semeada, mesmo que você ainda não possa “ver” com os olhos de ver. É preciso que se saiba que quando um homem é perfeito, vê perfeição nos outros. Quando vê imperfeições é a sua própria mente que se projeta. Por isso tanto criticamos os outros, esquecendo de tantas verdades.
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