Ao lado das mais antigas instituições oficiais dos Mistérios – protegidas por reis e governos com leis e privilégios especiais, por sua influência reconhecidamente benéfica, moralizadora e instintivamente venerada pelos novos - existiram em todo o Oriente, e especialmente na Índia, Pérsia, Grécia e Egito, muitas comunidades místicas que, se por um lado podem ser comparadas aos atuais conventos e ordens monásticas, por outro, algumas de suas características as relacionam intimamente com a moderna Maçonaria.
Estas comunidades - algumas das quais tiveram, embora outro não, caráter decididamente religioso - nasceu, evidentemente, da necessidade espiritual de agrupar-se para levar, ao abrigo das condições contrárias do mundo exterior, uma vida comum mais de acordo com os ideais e íntimas aspirações de seus componentes.
As características destas comunidades, que constituem um laço de união com nossa Ordem, referem-se igualmente à sua dupla finalidade operativa e especulativa - enquanto se dedicavam igualmente a trabalhos e atividades materiais, assim como aos estudos filosóficos e contemplação - à iniciação como condição necessária para nelas serem admitidos, e aos meios de reconhecimento (sinais, palavras e toques que usavam entre si e por intermédio dos quais abriam suas portas ao viajante iniciado que se fazia reconhecer como um deles, tratando-o como irmão, qualquer que fosse sua procedência.
Destas místicas comunidades muito nos fala Filostrato em sua Vida de Apolônio de Tiana, baseando-se nos apontamentos de Damis, discípulo do grande filósofo reformador do primeiro século de nossa Era (ou melhor dizendo, companheiro de viagem, pois por não ser um iniciado, quase sempre Damis era obrigado a ficar na porta dos Templos e Santuários que não possuíam segredos para seu Mestre), Mestre que viajou constantemente de uma a outra comunidade, assim como de Templo em Templo nas mais diversas religiões, e onde sempre encontrou hospitalidade e acolhida fraternal, neles compartilhando o Pão da Sabedoria.
As mais conhecidas foram as comunidades dos Essênios entre os hebreus, dos Terapeutas do Alto Egito e dos Ginosofistas na Índia. Este último termo - que literalmente significa sábios despidos - parece muito bem aplicar-se aos iogues, em seu tríplice sentido moral, material e espiritual, quando se despojavam de toda sua riqueza ou posse material e reduziam seu traje ao que de mais simples havia, despindo-se espiritualmente com a prática da meditação que em seus aspectos mais profundos é um despojo completo da mente (a "Criadora da Ilusão") e das faculdades intelectuais, das quais está revestido nosso Ego ou Alma para sua atuação como "ser mental".
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