quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Maçonaria Operativa e Maçonaria Especulativa

É evidente, pois, que o elemento espiritual (especulativo ou devocional) e o material (operativo ou construtivo) encontram-se intimamente unidos desde o momento em que o primeiro se concebeu e se realizou a idéia de um Templo, como símbolo exterior de um reconhecimento interior, e que a Maçonaria, surgiu espontaneamente desta idéia de levantar ou estabelecer um símbolo à Glória do Princípio ou Realidade interiormente reconhecido, pois se os Maçons no sentido material foram "construtores" em geral, sempre tem sido mais particularmente os que têm elevação Templos para o espírito.
Tendo presentes estas considerações, não há nada de surpreendente na transformação da maçonaria operativa em especulativa, isto é, de como uma Instituição Moral e Filosófica tenha podido desenvolver-se sobre uma arte material, tomando o lugar das corporações medievais e continuando as. Ambos os elementos - operativo e especulativo - estiveram juntos desde o princípio, e isto se evidencia no desenvolvimento cíclico que faz prevalecer, conforme os momentos históricos e as necessidades de uma época, uma ou outra tendência, um ou outro destes dois aspectos da nossa Instituição, tão inseparáveis como as duas colunas que dão acesso a nossos Templos.
Além de que constitui o selo de sua origem, a construção em geral e a de um templo em particular - prestou-se sempre e atualmente ainda se presta admiravelmente como símbolo interpretativo da atividade da Natureza, podendo-se considerar o Universo como uma Grande Obra, como um Templo e ao mesmo tempo uma Oficina de Construção, dirigida, inspirada e atualizada por um Princípio Geométrico, cujas diferentes manifestações são as leis naturais que o governam e as forças que, segundo estas leis, produzem diferentes efeitos visíveis. Esta obra de construção pode o homem observá-la em si mesmo, em seu próprio organismo físico (muitas vezes comparado a um templo), assim como em sua íntima organização espiritual, no mundo interior de suas idéias, pensamentos, emoções e desejos. Todo homem vem a ser assim, um microcosmos ou "pequeno universo" e um Templo (análogo ao Grande Templo do Universo que constitui o Macrocosmos), individualmente erguido "a Glória" do Princípio Divino ou Espiritual que o anima. Com esta Obra Universal que se desenvolve igualmente dentro e fora de nós, na qual todo ser participa geralmente de forma inconsciente com sua própria vida e atividade, o Maçom - ou seja o iniciado nos Mistérios da Construção - tem o privilégio e o dever de cooperar conscientemente, convertendo-se em obreiro inteligente e disciplinado do Grande Plano que constitui a evolução. Assim, pois, a Ars Structoria é, para quem sabe interpretá-la e realizá-la, a verdadeira Ciência e Arte Real da Vida, o Divino privilégio dos iniciados que a praticam especulativa e operativamente; dois aspectos intimamente unidos e inseparáveis, ainda que possam manifestar-se de diferentes formas, conforme a evolução particular do indivíduo. E não há altura ou elevação do pensamento ou do plano da consciência individual que não possa ser interpretado, ou ao qual não possam utilmente aplicar-se as alegorias, os emblemas e os instrumentos simbólicos da Construção.


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